Alienação no paradigma laboral: uma mudança necessária
Viver a história do passado na história do presente, ou seja, viver em um contexto sócio-histórico-cultural que não condiz com a atualidade é viver alienado e orientado por paradigmas ultrapassados, ignorando que é necessária uma orientação embasada em princípios condizentes com a evolução do pensamento. Essa situação ocorre em nossa sociedade atualmente em vários âmbitos, nesse texto queremos refletir sobre a desigualdade de gêneros e de salário que há na vida laboral em alguns setores de nossa sociedade.
Não podemos analisar apenas um fator que influencia um evento, pois normalmente um fato ocorre através de muitas influências, por mais que algumas delas sejam mínimas; entretanto, entraríamos em muitas discussões para tentar explicar os motivos que fazem com que ocorra essa desigualdade entre os gêneros no âmbito laborial. Podemos destacar alguns pontos que poderiam causar essa diferença: um deles é a influência de alguma(s) religião(ões) a(s) qual(is) foi(ram) muito marcante(s) na história da humanidade. O Papa João Paulo II reafirmou em 1994 que apenas os homens poderiam ter a vida sacerdotal, pois Jesus só tinha apóstolos homens. Surge a seguinte pergunta: por que as mulheres não podem realizar um trabalho “puro”? O que importa é que interpretações atemporais da história, como essa, causam a exclusão injusta através de um paradigma não-atual, pois o contexto social em que Jesus vivia não permitiria que ele realizasse sua missão de forma eficaz, já que a mulher na sociedade israelense de sua época era considera um ser inferior ao homem e a figura feminina não tinha voz ativa na sociedade. Dessa forma, se ele se cercasse de mulheres para realizar sua missão seria, no mínimo, ignorado e seus esforços para transformar para melhor a sociedade seriam inúteis. O próprio Leonardo da Vinci desafiou essa afirmação ratificada pelo papa antes mencionado desenhando a Santa Ceia, onde na pintura podemos perceber uma mulher como apóstola, obviamente temos que concordar que naquela época a humanidade recém estava saindo das trevas.
Porém, estamos no século XXI, ou seja, está escrito na “Constituição Federal no título dois – dos direitos e garantias fundamentais – capítulo 1: dos direitos e deveres individuais e coletivos – artigo quinto: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança [...], nos termos seguintes: I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta constituição”. Por que viver alienadamente , por que viver em um contexto social do passao? A lei é taxativa: todos são iguais perante a lei, não cabendo distinção de sexo para acesso ao trabalho. O que falta é o cumprimento do que a Constituição estabelece por falta de conscientização da sociedade e de uma fiscalização eficaz por parte do Estado. Portanto, para que não haja mais injustiças (exclusão), é necessário que todos aqueles que possuem um paradigma alienado (desatualizado), atualizem-no através da conscientização de igualdade entre os sexos e, para que isso ocorra, é necessário que haja micropolíticas em nossa sociedade.
Noticia sobre mulheres no mercado de trabalho: uma visão otimista?
http://www.youtube.com/watch?v=-kYhaJlFcxk