quinta-feira, 9 de junho de 2011

Barão Günther Von Berg: o alemão anti-nazismo

Barão Günther Von Berg: o alemão anti-nazismo

No Jornal de Novo Hamburgo havia saído uma notícia (20/08/1981) sobre um alemão que nascera em Berlim, o cantor e Barão chamado Dietrich Günther Von Berg. Ele era um cantor famoso da Alemanha e conhecido por toda a Europa nos anos 20 e 30 que foi perseguido pelos nazistas de Hitler. O leitor poderia concluir que Günther era judeu, porém, engana-se. Ele tentara combater o nazismo e, assim, proteger os judeus, pois não concordava com a política ideológica nazista (extrema direita). Testemunhou alguns campos de concentração enquanto se apresentava nos palcos da Europa e por sorte, conseguira sobreviver fugindo, então, para a cidade de Novo Hamburgo. Porém, quando lá chegou, uma surpresa, a GESTAPO (polícia alemã) estava também presente na América do Sul. Nessa cidade, o Barão Günther encontra um comerciante nazista que o cumprimenta com saudações nazistas, e Dietrich responde a saudação, com raiva, da seguinte forma: “Fugi da Alemanha para nunca mais precisar ouvir isso [...]. Eu não sou nazista, detesto o nazismo e os nazistas. Morra Hitler”, sua resposta deixa boquiaberto o admirador de Hitler que depois o denuncia por ser comunista. Portanto, além de ser perseguido por ser anti-nazista, também estava sendo perseguido por ser comunista, dessa forma, Günther, através da ajuda de amigos judeus, consegue ir para Hungria e, depois de alguns anos, volta para a Alemanha. Quando chega no país, ainda no caos nazista, recebe uma carta para ou cantar nas tropas hitlerianas, ou trabalhar numa indústria bélica nazista; só teve uma opção: fugir. Dessa forma, vai para Argentina e para muitos outros países junto com seus amigos que eram judeus. Segundo Dietrich: “Me separei então completamente dos alemães e passei, de corpo e alma, para o lado dos judeus. Estes sim, eram e sempre foram os meus verdadeiros amigos durante toda a vida.” Através desse fato histórico podemos observar uma micropolitica feita por um alemão que foi contra um paradigma alienado, prepotente e também, extremamente fortificado para que houvesse, de alguma forma, uma consciência social.
            Poderia-se dizer que o evento descrito acima é antigo e que não cabe mais falá-lo dentro de nossa sociedade atual? Acredito, sem sombra de dúvida, que não; há em nossa sociedade o neonazismo: grupo o qual resgata a política propagada por Hitler. Alienados que vivem um período histórico ultrapassado no presente cometendo agressões físicas, violência moral, psicológica e homicídios. Estamos falando de um grupo que resgata o nazismo, porém, é claro, não devemos esquecer também de que existem outros grupos com a mesma ignorância e que, também, cometem violência; no entanto, estes não têm como base o nazismo, por isso, não abordaremos eles, pois o foco de nossa discussão é o nazismo e como essa ideologia pode fazer com que haja um papel identificatório para os sujeitos no presente.
            Não queremos colocar aqui afirmações de que: esses grupos devem ser exterminados;  devem ser presos; devem ser torturados ou coisas do gênero. A questão é como pode uma ideologia alienada ainda fazer com que pessoas se identifiquem com ela? É um processo de identificação que faz com que ocorra uma alienação social e, dessa forma, estagna grupos de uma parte da sociedade os quais não conseguem acompanhar aqueles que não têm essa alienação. Logo, os esses alienados são excluídos socialmente e para poderem ser incluídos no social através de sua ideologia, precisam realizar revoluções para tentar mudar o paradigma atual, porém não será indo contra as leis, as regras e as normas que conseguirão a inclusão. Portanto, o leitor dirá que eles devem, então, realizar outras ações (dentro do nosso paradigma, o atual) para poderem ser inclusos em nosso social, mas isso não poderá acontecer porque se eles mudarem, sua ideologia morre. É um assunto que nos leva a uma complexidade. Apenas podemos ver que é um paradigma ultrapassado que ainda tentaram atualizá-lo (pois agora não são só judeus, mas negros, homossexuais e entre outros também) com o qual não corresponde com o paradigma presente.
            E retomando a notícia, devemos admirar e ter como exemplo do artista e Barão  Dietrich Günther Von Berg: um alemão que não teve tempo de deixar sua vida escrita em livros, mas somente numa linda reportagem feita sobre ele em 1981, pelo jornal de Novo Hamburgo antes de sua morte, e ainda idoso a bela memória era a sua vida, que através dela podemos tirar lições de amor, de coragem e acima de tudo de igualdade, pois ele sendo alemão e forçado a ter uma ideologia de superioridade – nem caberia dizer que ele driblou o orgulho, pois para ele, essa driblagem fora extremamente espontânea de sua alma-, ultrapassou essas barreiras naturalmente, abandonou sua gloriosa carreira de artista consagrado e fora tido como um dos 10 homens mais bem vestidos de Berlim, deixou o glamour da fama para dedicar-se a uma causa nobre, completamente missionária, correu riscos e foi salvo diversas vezes por quem eram perseguidos, os judeus. Günther é um homem que a humanidade precisa conhecer e saber da sua missão aqui na Terra, o de salvar vidas indo contra o III Reich e a política massacrante de Hitler. Através disso deixou uma mensagem para toda a eternidade de nossa história, a fraternidade que ultrapassou horizontes, medos, vaidade e até a morte.

Um comentário:

  1. Belíssimo texto feito pelo grupo. Uma grande oportunidade de refletir em assuntos que deixamos de lado no nosso dia a dia e que fazem toda a diferença. Parabéns, sempre. Acompanho diariamente o blog de vocês e torço para que ele fique cada vez mais rico em informações e sobre a história do Barão, eu admiro a dedicação dessas pessoas lutam pelo bem do próximo, um exemplo para toda a vida. Me emocionei, mesmo sem saber os detalhes, e que pena que ele não deixou um livro escrito.

    Um forte abraço e sucesso ao grupo.

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